domingo, 5 de junho de 2011

Exorcismo - Religião AO X-TREMO...



Saiba um pouco mais sobre esse antigo ritual religioso e seus mais famosos casos...

O que é exorcismo?


A Enciclopédia Católica (em inglês) define o exorcismo como "o ato de expulsar, ou repelir, os demônios ou espíritos do mal de pessoas, lugares ou coisas, que acredita-se estarem possuídas ou infestadas por eles, ou propensos a se tornarem vítimas ou instrumentos de sua malignidade". Resumindo, é um ritual realizado por padres católicos para expulsar o demônio.
Há vários tipos de exorcismo na Igreja Católica:
·             exorcismo batismal - abençoar uma criança antes do batismo para purificá-la do mal, resultado do pecado original;
·             exorcismo simples - abençoar um lugar ou objeto para livrá-lo da influência do mal;
·             exorcismo real - realizar o Ritual do Exorcismo para livrar um ser humano da possessão diabólica.
O "exorcismo real" é no que a maioria de nós pensa quando nos vem à mente o exorcismo. Nesse caso, o padre-exorcista está lidando com um ser humano que está possuído pelo demônio, que por sua vez está habitando o corpo dessa pessoa.



De acordo com a Igreja, o sinal da possessão demoníaca inclui:
·             falar ou entender linguagens que a pessoa nunca aprendeu (diferente de "falar em línguas", que é considerado um sinal de êxtase religioso, não de possessão);
·             saber (e revelar) coisas que a pessoa não tem como saber;
·             força física além da constituição natural da pessoa;
·             uma violenta aversão a Deus, à Virgem Maria, à cruz e outras imagens da fé católica.
As ocorrências de exorcismo para a Igreja Católica são raras: uma possessão demoníaca real a cada 5 mil casos relatados.
N”as culturas egípcia, babilônica, assíria e judaica, atribuíam-se certas doenças e calamidades naturais à ação dos demônios. Para afastá-los, recorria-se a algum esconjuro ou exorcismo. A cultura ocidental recebeu essas idéias através da Bíblia e do cristianismo primitivo.”





 Exorcismo em outras religiões

O exorcismo não acontece apenas no Catolicismo. Outras seitas cristãs, outras religiões e outras culturas têm seu próprio modo de "expulsar o demônio".
·             Judaísmo: folclore judeu e os ensinamentos da Kabbalah contam sobre um espírito malévolo chamado dybbuk. Esse espírito é a alma de uma pessoa morta que voltou para encaminhar um negócio inacabado e que habita o corpo de uma pessoa para atingir seus objetivos. O dybbuk pode ser expulso por meio de um ritual de exorcismo e deixa o corpo através dos dedos do pé.
·             Islã: a crença islâmica conta sobre um jinn - um espírito do mal, escravo de Satã - que pode invadir o corpo humano e causar doenças, dor, tormento e pensamentos ruins. Esse jinn pode ser expulso pela pessoa possuída recitando-se passagens específicas do Alcorão.
·             Hinduísmo: as escrituras dos Vedas contam sobre um espírito do mal que pode não apenas prejudicar humanos, mas também ficar no caminho das vontades dos deuses. O tradicional exorcismo hindu inclui rituais como queimar excremento de porco, recitar orações e oferecer doces aos deuses.
  
Possessões


Possessão é o estado ou condição em que o corpo e (ou) a mente de um indivíduo são supostamente possuídos ou dominados por uma entidade (um ser, força, ou divindade) que lhes é externa, ou que não se manifesta habitualmente nas atividades da vida diária.
A possessão, considerada como experiência de natureza psicológica e social, pode ser verificada individual ou coletivamente, e ter caráter inesperado, ou estar submetida a algum tipo de controle ritual; em diversas sociedades e culturas, figura como episódio ou experiência central da vida religiosa. Podemos dividir, genericamente, as formas de possessão em quatro categorias.

Encosto
O espírito fica próximo à pessoa, mas a influência é pequena. Neste caso, banhos de água e sal ou orações como o Pai-Nosso ou o Credo, afastam este espírito inferior. Geralmente estes espíritos são de pessoas que desencarnaram e pertencem à família do possuído.

Espírito opressivo
O espírito tem a capacidade de "vampirizar" a energia do indivíduo. Os efeitos são sentidos como um cansaço ou vontade de chorar que podem cessar de um momento para outro. Indica-se neste caso, que se utilize um saquinho de cor vermelha, sempre junto ao corpo para neutralizar a presença deste espírito. Também os banho de água com sal, são benéficos neste caso. A leitura do salmo 23 é o mais indicado contra o espírito opressivo.

Obsessão
O espírito consegue ficar de maneira tão dominante no corpo astral do indivíduo que pode até mesmo mudar o modo de falar e fazer coisas que normalmente não faria no dia-a-dia. Chega até mesmo a não reconhecer parentes e pessoas próximas de seu convívio. É bom frisar que aqui no Brasil de acordo com o espiritismo ou nas religiões afro-brasileiras como a umbanda e candomblé, existem os fenômenos de possessão de espíritos doutrinadores e iluminados, trazendo ao médium apenas benefícios.

Possessão demoníaca
Neste caso, o espírito toma o corpo da pessoa, fazendo com que ocorram até fenômenos de "poltergeist" (conjunto de fenômenos produzidos espontaneamente, que consiste em ruídos e deslocamento de objetos, podendo ter duração indeterminada).

Livre-arbítrio
De acordo com o cardeal Medina: "a possessão tem características sensacionais, nas quais o demônio, de certo modo, assume os poderes físicos da pessoa possuída. O demônio, entretanto, não pode controlar o livre-arbítrio do paciente e, assim, não pode fazer com que ele peque. Além disso, a violência física que o demônio exerce sobre a pessoa (possuída) é uma indução ao pecado e é isso que ele deseja" 





Exorcismos na Bíblia

O Antigo Testamento, embora reconheça a atuação do demônio a partir da tentação e da queda de Adão no paraíso, praticamente não alude a uma ação maléfica direta do diabo sobre os homens.
Foi no judaísmo antigo que se atribuíram ao demônio intervenções muito concretas na vida cotidiana. O Livro de Tobias (século II a.C.), de influência assíria, narra um exorcismo praticado mediante a oração e utilização das vísceras de um peixe.
No Novo Testamento, que não apresenta modificações essenciais no que se refere ao exorcismo, o Evangelho de Marcos é o que insiste de maneira mais realista nos exorcismos praticados por Jesus e por seus discípulos. Em certos casos, trata-se de expulsar o demônio do corpo de possessos ou lunáticos. Em outros, da cura de enfermidades atribuídas à ação do demônio. Os evangelistas se servem dessas vigorosas ilustrações para demonstrar a vitória de Jesus sobre Satanás e também para mostrar como seu povo se libertou do pecado. "Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso" (João - 12:31). Esses milagres seriam um sinal da instauração do reino de Deus. "Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós" (Mt - 12:28).

Exorcismos na história da Igreja

As curas e os exorcismos foram comuns na igreja primitiva. Com o reconhecimento oficial da Igreja sob o imperador Constantino, os exorcismos carismáticos, realizados informalmente por qualquer cristão, deram lugar à institucionalização da função do exorcista. O Rituale Romanum1 reuniu mais tarde, diversos ritos de exorcismos para situações variadas. Também as igrejas reformadas estabeleceram tais ritos.
O racionalismo do século XVIII conseguiu explicar muitos mistérios supostamente sobre-humanos, o que também sucedeu, de modo ainda mais intenso, com a descoberta do hipnotismo e da psicologia profunda no século XIX. A Igreja Católica, como também algumas denominações protestantes, admite os exorcismos ordinários, contidos no rito do batismo, como símbolo da libertação do pecado e do poder do demônio. Pratica-se o exorcismo ordinário na bênção da água batismal e na sagração dos santos óleos. Os exorcismos solenes, que têm por objetivo expulsar o demônio do corpo de um possuído, são práticas raríssimas e só confiadas, mediante permissão episcopal, à sacerdotes muito experientes.
O exorcismo católico inicia-se com a expressão latina "Adjure te, spiritus nequissime, per Deum omnipotentem" (eu te ordeno, espírito maligno, pelo Deus Todo-Poderoso). O processo pode ser longo e extenuante, chegando a se estender por vários dias. A possessão está associada ao mal. O processo de libertação é feito de forma dramática e violenta. Os exorcistas recorrem as preces, água-benta, defumadores, essências de rosas e arruda. O sal que é associado à pureza espiritual também é utilizado.
Porém, o cristianismo deste século tem uma atitude dividida em relação ao exorcismo. Por um lado, mantém distância de sua prática, atuando mais próximos a psiquiatras e médicos e autorizando estudos para esclarecer este fenômeno. Mesmo assim, a Igreja oculta os casos confirmados de possessão a prática dos rituais de expulsão. Ainda, o Papa João Paulo II declarou ter aplicado o exorcismo sob uma jovem, em 1982.
Um relatório sobre exorcismo foi compilado pela Igreja da Inglaterra, em 1972, por uma comissão que incluía represen- tantes católicos e um consultor psiquiatra. Apesar de pretender desbancar as possessões, acabou fortalecendo esta idéia quando relacionada à possessão de lugares: "a interferência demoníaca... é comum em lugares não consagrados... assim como em conexão com sessões espíritas".
Porém, este relatório considera exorcismos de pessoas extremamente duvidosos. À luz da Igreja moderna, aqueles que se julgarem possuídos, devem, prioritariamente, procurar a ajuda de um médico ou psicólogo. Recorrer a um sacerdote cristão é considerado último recurso.
O padre Gabrielle Amorth, diz ter realizado aproximadamente 50.000 exorcismos mas considera que somente 84 foram possessões autênticas. O sacerdote diz que os sintomas incluem força física sobre-humana, xenoglossia (a fala espontânea em língua que não foi previamente aprendida) e revelações de segredos sobre as pessoas.
O cânone dominicano Walker, de Brighton, que coordena o Grupo de Estudos do Exorcismo Cristão, lembra de somente sete casos genuínos durante sua vida religiosa: "Normalmente, tudo que é preciso são conselhos e rezas".


1 -
 Rituale Romanum

 O Rituale Romanum (Ritual Romano em latim) é um livro litúrgico que contém todos os rituais normalmente administrados por um padre, incluindo o único ritual formal para exorcismo sancionado pela Igreja Católica Romana. Além do exorcismo de demônios e espíritos, esse manual de serviço para padres também contém instruções para o exorcismo de casas e outros lugares que se acredita estarem infestados por entidades malignas.
Escrito no ano de 1614 durante o papado do Papa Paulo V, o Rituale Romanum alertava os padres contra realizar os ritos de exorcismo em indivíduos que não estejam realmente possuídos. Mas com o avanço da ciência médica que podia diagnosticar com maior precisão doenças tanto físicas quanto mentais, os casos de possessão real – demoníaca (extremamente rara) e espiritual (comum) – tornaram-se muito mais difíceis de determinar. Muito do que se acreditava ser possessão demoníaca agora é diagnosticado como sendo esquizofrenia, paranóia, distúrbio de múltipla personalidade, disfunções sexuais, histeria, e outras neuroses resultantes de obsessões e terrores da infância. Desde sua publicação inicial no século XVII, o manual permaneceu inalterado até 1952, quando duas pequenas alterações no texto do ritual do exorcismo foram feitas.
Essas revisões mudaram, por exemplo, o texto em uma linha que dizia "sintomas de possessão são sinais da presença do demônio" para "sintomas de possessão podem ser sinal de demônio". Em outra sentença original, referia à pessoas sofrendo de condições além da possessão demoníaca ou espiritual como "aqueles que sofrem de melancolia ou outras enfermidades", e foi modificada para "aqueles que sofrem de enfermidades, particularmente enfermidades mentais". Essas modificações refletem claramente algumas das mudanças dramáticas pelas quais passou a Igreja Católica Romana, assim como passou o pensamento de muitos cristãos contemporâneos, que acreditam que possessões demoníacas e exorcismo são poucos mais que besteiras supersticiosas da Idade das Trevas. Elas também nos fazem pensar, então, quantas centenas ou talvez quantos milhares de homens, mulheres e crianças que sofriam de doenças mentais foram submetidos desnecessariamente a rituais de exorcismo no passado.
Ainda há alguns padres, em números cada vez menores, que continuam a acreditar na existência de possessão demoníaca e enumeram sinais que indicam sua presença. De acordo com esses membros do clero, se um indivíduo demonstra habilidades paranormais, manifesta força física sobre-humana e, principalmente, fala em línguas, então ele pode ser um candidato para o ritual de exorcismo. A Igreja pode considerar esse indivíduo possuído quando os sintomas citados anteriormente são acompanhados de repulsa extrema por objetos sagrados. Um padre treinado na expulsão de demônios e espíritos malignos é então convocado e, somente após receber permissão de um bispo, pode realizar o centenário ritual do exorcismo.
Exorcistas raramente ou nunca trabalham sozinhos. Normalmente são auxiliadas por, no mínimo, três outras pessoas. Uma delas é geralmente um padre mais jovem e menos experiente que está ou esteve sob treinamento para realização de exorcismos. Seu papel central é continuar o exorcismo e assumir o ritual, caso o exorcista fique muito fraco para continuar ou se ele morrer. A segunda pessoa que serve de assistente para o exorcista é, na maioria dos casos, um médico cuja responsabilidade é administrar qualquer medicação ou tratamento que a vítima da possessão precise, pois sob nenhuma circunstância o exorcista pode fazer isso. A terceira pessoa é tradicionalmente um homem parente da pessoa possuída – normalmente o pai, irmão ou marido. Em alguns casos pode ser um amigo de confiança da família. Mas, em qualquer caso, é imperativo que esteja em boas condições de saúde e seja forte – tanto física como mentalmente. Se a pessoa possuída é uma mulher, muitos exorcistas providenciam que outra mulher esteja presente durante o ritual para evitar escândalos.
Antes de realizar o ritual do exorcismo, é costumeiro que o padre faça uma boa confissão e seja absolvido de todos os seus pecados para o caso de o espírito ou demônio que ele enfrentará tente usá-los contra ele durante o ritual. Ele então veste os trajes necessários para os padres exorcistas (um sobrepeliz e um sudário púrpura) e inicia o ritual. Durante o exorcismo, certas orações prescritas, tais como o Pater Noster (o Pai-Nosso), as Litanias dos Santos e o Salmo 542, são recitadas sobre o individuo possuído, freqüentemente em latim, uma vez que se acredita que as orações são mais eficientes quando recitadas nessa antiga linguagem. Ao longo dessas recitações, o exorcista tradicionalmente faz o sinal-da-cruz, lê as escrituras e, às vezes, coloca suas mãos sobre a vítima. Ele também exige que o espírito maligno ou demônio que possuiu a pessoa revele seu nome e natureza, sucumba ao Filho de Deus e deixe sua vítima humana em paz. Quando o espírito maligno ou demônio finalmente parte, o exorcista reza a Jesus Cristo e pede que ele conceda sua divina ajuda e proteção à pessoa, que normalmente não retém memórias claras de sua possessão demoníaca ou do exorcismo. Se, todavia, o ritual de exorcismo não é bem-sucedido em expulsar o espírito maligno ou demônio de sua vítima, ele é então realizado repetidamente até que a entidade deixe o local. Isso pode levar horas, dias ou até mais tempo.



2 -
Salmo 54

54:1 Salva-me, ó Deus, pelo teu nome, e faze-me justiça pelo teu poder.

54:2 Ó Deus, ouve a minha oração, dá ouvidos às palavras da minha boca.

54:3 Porque homens insolentes se levantam contra mim, e violentos procuram a minha vida; eles não põem a Deus diante de si.

54:4 Eis que Deus é o meu ajudador; o Senhor é quem sustenta a minha vida.

54:5 Faze recair o mal sobre os meus inimigos; destrói-os por tua verdade.

54:6 De livre vontade te oferecerei sacrifícios; louvarei o teu nome, ó Senhor, porque é bom.

54:7 Porque tu me livraste de toda a angústia; e os meus olhos viram a ruína dos meus inimigos.

A investigação

 

Quando alguém relata um possível caso de possessão para a Igreja, a investigação começa. Padre Benedict Groeschel, um frade franciscano PhD em Psicologia pela Universidade de Columbia, foi o homem que a Arquidiocese de Nova York chamou para investigar os supostos casos de possessão que surgiram nas décadas de 70 e 80. No livro "Exorcismo Americano", ele descreve sua experiência assim (Cuneo, 22):
"... quando os casos eram encaminhados para mim, eu geralmente procurava a ajuda de uma leiga na arquidiocese que possuía o dom de reconhecer espíritos. Na visão dela, e também na minha, nenhuma das pessoas que eu levei até ela eram vítimas de possessão, nenhuma delas precisava de um exorcismo formal. Mas isso não significa que elas não estivessem sendo afligidas ou oprimidas de várias formas por presenças demoníacas. A opressão demoníaca é muito menos séria do que a possessão em larga escala, e geralmente, pode-se lidar com isso com o que chamamos de uma simples oração de libertação".
Uma investigação é essencialmente um processo de eliminação: o paciente apresenta sinais de possessão demoníaca? Há alguma outra maneira de explicar o comportamento do paciente?
Geralmente, o padre consultará um psiquiatra durante a investigação para determinar se os sintomas da pessoa "possuída" podem ser completamente explicados por doença mental. De acordo com o "Exorcismo Americano", de Michael Cuneo, há cerca de doze psiquiatras nos Estados Unidos que avaliam pacientes potencialmente possuídos para a Igreja Católica. O paciente também passará por um exame médico para descobrir se os sintomas podem ser atribuídos a uma desordem física ou doença. O padre pode consultar um perito paranormal aprovado pela Igreja para uma ajuda adicional. Outra possibilidade que o investigador deve considerar é a velha fraude.
Se o padre estiver convencido da validade da possessão e de que um exorcismo é a maneira apropriada para ajudar a pessoa, ele reportará a seu supervisor (na maioria dos casos, o bispo da diocese) que um exorcismo está de acordo com as regras. A Igreja pode então decidir sancionar um exorcismo oficial e indicar um exorcista para o caso.

Nos níveis mais elevados
Em "Meus seis papas", o cardeal Jacques Martin relata que o Papa João Paulo IIrealizou um exorcismo em uma mulher em 1982. Também existem relatórios que dizem que Madre Teresa passou por um exorcismo pouco antes de sua morte, em 1997, porque o arcebispo de Calcutá acreditava que ela estava sendo atacada pelo demônio.

Longa história

As possessões e os exorcismos datam da Antigüidade, possivelmente iniciando com as antigas crenças xamanísticas nas quais os espíritos dos mortos podiam prejudicar os vivos. Os xamãs entrariam em um estado de transe para encontrar a alma problemática e descobrir por meio dela a maneira de acabar com a dor da vítima. Nas antigas culturas egípcias babilônicas, as doenças e outras aflições eram regularmente atribuídas a espíritos do mal que invadiam o corpo humano, e os padres-curandeiros realizavam cerimônias para que ele partisse.



 O exorcista



Se a Igreja decide que tem um caso verdadeiro de possessão nas mãos, que requeira um exorcismo, o próximo passo é indicar um exorcista para o caso. Geralmente é o mesmo padre que realizou a investigação, mas outro padre também pode ser indicado.

Expulsar o demônio não é parte das atividades diárias de um padre comum. A maioria dos padres nunca realizou um exorcismo. Essa é uma atividade praticada por muito poucos.
Números oficiais são raros de encontrar, mas "O Exorcismo Americano" relata que, em 1996, a Igreja Católica indicou 10 padres para a posição de exorcista nos Estados Unidos. Cuneo estima que no mundo todo o número gire em torno de 150 e 300, ao passo que outros relatam que esse número está entre 300 a 400 exorcistas oficiais apenas na Itália. Também há padres que não são exorcistas oficiais mas afirmam ter permissão do bispo local para realizar os exorcismos a seu critério. O ritual de exorcismo teve sua grande volta após estar quase extinto por todo o século XX.
Tradicionalmente, o exorcista católico passa por poucos treinamentos específicos para ajudá-lo em seu trabalho. Eles aprendem muito sobre o demônio e os riscos e manifestações do mal, mas o próprio exorcismo não é uma área especializada de estudo nos seminários. O que eles sabem é em razão de sua experiência no papel de padre e do ritual de exorcismoCatólico, que é o documento oficial que detalha as orações e os passos de um exorcismo.
Os exorcistas oficiais da Igreja Católica formaram sua própria organização em 1992. A Associação Internacional dos Exorcistas mantém reuniões semestrais em Roma e envia um boletim informativo trimestralmente a seus membros. No boletim informativo, os exorcistas falam das dificuldades ou dos casos interessantes (Cuneo, 266). Além disso, em 2005, a Academia Pontifícia Regina Apostolorum de Roma (universidade ligada ao Vaticano) começou a oferecer aulas de exorcismo.
Uma vez que a Igreja indica um de seus exorcistas oficiais para realizar o ritual, o próximo passo é conseguir que o demônio deixe o corpo da pessoa.


O exorcismo

Em janeiro de 1999, o Vaticano emitiu um ritual de exorcismo revisado para ser usado pelos padres católicos. As diretrizes para conduzir um exorcismo compreendem uma única seção no Ritual Romano (Rituale Romanum), um dos livros que descrevem os rituais oficiais da Igreja Católica. Anteriormente, o ritual de exorcismo oficial data de antes de 1614.
Para realizar o ritual, o exorcista veste sua sobrepeliz e a estola roxa. O ritual de exorcismo é principalmente uma série de orações, declarações e apelos. Estas orações são livremente encontradas na "fórmula da súplica", na qual o padre pede a Deus para livrar o paciente do demônio ("Deus, cuja natureza é sempre de misericórdia e perdão, aceite nossa oração para que este Vosso criado, amarrado pelos grilhões do pecado, possa ser perdoado por Vossa amorosa benevolência"), e na "fórmula imperativa", na qual o padre exige que ,em nome de Deus, o demônio deixe o corpo do paciente ("saia, então, ímpio, saia, amaldiçoado, saia com todos os seus enganos, por Deus que quis que o homem fosse ser Seu templo"). Para ler o ritual completo e revisado de 1999, veja ministério das portas católicas: ritual de exorcismo de 1999 (em inglês).

Além da recitação, o padre borrifa água benta em todos na sala, coloca suas mãos no paciente, faz o sinal da cruz tanto em si como no paciente e toca o paciente com uma relíquia católica (geralmente um objeto associado a um santo).
Malachi Martin, um ex-padre jesuíta e autoproclamado (mas não oficialmente) exorcista, oferece informação extra sobre o exorcismo, mas tal informação não é endossada pela Igreja. Figura controversa no mundo católico, Martin revela no livro "Refém do Demônio" o que considera ser os estágios típicos de um exorcismo (Cuneo, 19-20):
1.                  presunção - o demônio esconde sua verdadeira identidade
2.                  ponto fraco - o demônio se revela
3.                  conflito - o exorcista e o demônio lutam pela alma do possuído
4.                  expulsão - se o exorcista ganha a batalha, o demônio deixa o corpo do possuído
"Refém do Demônio" causou polêmica na Igreja Católica. O livro supostamente detalha exorcismos reais que Martin afirma ter realizado, auxiliado ou testemunhado. Os exorcismos que Martin descreve estão no nível de "O Exorcista" em termos de ação e violência. Foi criticado pelos católicos, que acham que Martin fez sensacionalismo e, portanto, subestimou o poder do demônio. Mas se as cenas intensas de Martin não parecem verdadeiras para a Igreja e seus seguidores, como é um exorcismo real?


Um exorcismo real


Em "Exorcismo Americano: expulsando demônios e a terra da prosperidade", Michael Cuneo, professor de sociologia da Universidade de Fordham, atende a todos os tipos de exorcismos. Um exorcismo oficial, sancionado pela Igreja, do qual Cuneo participou, envolveu um homem que ele chama de Warren (o possuído) e um padre-exorcista que ele chama de Padre Peter.
A vida de Warren é difícil: ele é alcoólatra, regularmente faz sexo com pessoas que acaba de conhecer e é depressivo. Recentemente começou a ouvir vozes, ver coisas e sentir uma "insuportável pressão" em seu corpo durante a noite. Resumindo, Warren está atormentado. Seu pastor local entrou em contato com o supervisor do Padre Peter e, com o consentimento do psiquiatra, eles organizaram um exorcismo. Os seguintes detalhes de um exorcismo oficial da vida real foram extraídos de "Exorcismo Americano" (243-245). Embora Cuneo não forneça uma data, esse exorcismo provavelmente aconteceu antes das revisões dos rituais em 1999.
No porão de um prédio, Padre Peter, em sua sobrepeliz e estola roxa, põe-se em pé bem na frente de Warren, que estava sentado em uma cadeira com a cabeça abaixada e os punhos cerrados. Cuneo senta ao lado. Padre Peter começa o ritual:
"Deus todo-poderoso, perdoe todos os pecados de seu indigno servo. Dê-me fé constante e poder para isso, armado com o poder de Sua santa força eu posso atacar este cruel espírito do mal com confiança e segurança..."
Enquanto falava essas palavras iniciais, o padre borrifa Warren, Michael Cuneo e ele mesmo com água benta.
Padre Peter se aproxima de Warren, faz o sinal-da-cruz e coloca a palma da mão na testa de Warren. Warren senta perfeitamente ereto enquanto padre Peter recita as orações do ritual de exorcismo. Padre Peter apela a Cristo, à Virgem Maria e a santos que o ajudem nessa tarefa para salvar a alma de Warren. Warren continua quieto.
"Eu te exorcizo, espírito impuro! Todos os espíritos! Cada um de vocês! Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo: seja exterminado e expulso desta criatura de Deus..."
Padre Peter faz o sinal-da-cruz na testa de Warren, pressiona uma relíquia contra seu peito e basicamente termina o exorcismo com:
"Vá embora, sedutor! O deserto é seu lar. A serpente é sua morada. Seja humilhado e expulso. Porque ainda que você tenha enganado homens, você não pode zombar de Deus... Ele preparou o inferno para você e seus anjos".
Padre Peter então conduz Warren para algumas orações de encerramento e leituras adicionais. Ele pergunta a Warren como se sente. Cuneo relata a resposta de Warren: "em paz", diz Warren, "mas também meio confuso". Ele achava que sairia algo de dentro dele durante o exorcismo, mas não tinha certeza.
Warren estava possuído? Padre Peter fez com que o demônio deixasse o corpo de Warren? Há aqueles que acreditam e aqueles que não acreditam. Mas ninguém saiu ferido e pode ser apenas que Warren 
esteja em melhores condições por ter passado pelo exorcismo. Então, alguns podem querer saber qual é o problema.


A controvérsia

 

A batalha em torno dos exorcismos existe principalmente em duas frentes: os enormes ministérios do "exorcismo por lucro", que se espalharam nas últimas décadas, e o debate "Psicologia x Religião", que se espalhou com o advento da Psiquiatria, em 1800.

Exorcismo por lucro


Tão logo o dinheiro entrou na questão, os céticos ganharam terreno. O aumento dos "ministérios do exorcismo", que fazem dinheiro ao redor do mundo, guia muita gente que pode reservar julgamento para a total rejeição da validade da visão católica da possessão e exorcismo, mesmo que os exorcismos realizados por exorcistas não-oficiais não estejam ligados de forma alguma à Igreja Católica.

Nos Estados Unidos, um popular ministro exorcista do Ministério de Bob Larson, televisiona suas conferências semanais. Nesses exorcismos em massa, nos quais grandes grupos podem receber a "taxa família" nos ingressos, o Sr. Larson exorciza os demônios de muitas pesssoas que estão em no auditório. As doações financeiras não são necessárias para os serviços dele, mas são bem-vindas.
Sempre tem gente que quer apontar para o lucro como evidência de um motivo oculto, especialmente quando se mistura lucro com paranomalidade.

Psicologia x Religião


Onde uma pessoa vê possessão e parte para seu ritual de exorcismo, outros vêem doença mental. Esse é provavelmente o grande debate acerca da prática do exorcismo: pode haver explicações terrenas para o comportamento que a Igreja considera evidência de possessão diabólica.
Várias desordens psicológicas, incluindo a síndrome de Tourette e a esquizofrenia, podem produzir os tipos de efeitos vistos em pessoas "possuídas". Pessoas com epilepsia podem, de repente, entrar em convulsões durante um ataque; a síndrome de Tourette causa movimentos involuntários e explosões vocais; a esquizofrenia engloba alucinações auditivas e visuais, paranóia, ilusões e, algumas vezes, comportamento violento. Questões psicológicas como auto-estima e narcisismo podem fazer com que uma pessoa aja como uma "pessoa possuída" para chamar atenção. Caso o paciente esteja realmente sofrendo de doença mental, a Igreja o está prejudicando, rotulando a pessoa possuída e evitando que ela procure o tratamento médico necessário.
O cardeal Jorge Arturo Medina Estevez, apresentando o Novo Ritual para o Exorcismo para a imprensa em 1999, responde assim ao conflito:
"... o exorcismo é uma coisa e a psicanálise é outra. Se o exorcista tem alguma dúvida sobre a doença mental do possuído, deve consultar um especialista.Geralmente acontece de as pessoas simples confundirem problemas somáticos com influência diabólica, mas nem tudo pode ser atribuído ao demônio".
A questão definitiva permanece: "O exorcismo ajuda ou prejudica as pessoas?". É difícil obter a documentação de alguns resultados dos exorcismos católicos romanos, prejudiciais ou benéficos. Este é o projeto: de acordo com o ritual oficial, os exorcismos são a chave inferior, não necessariamente secreta, mas não realizados em público ou em frente de representantes da imprensa, para que o ritual não se torne um "show". Os resultados não serão publicados, seja o exorcismo um sucesso ou um fracasso.
Existe, entretanto, uma documentação considerável acerca dos resultados prejudiciais dos exorcismos realizados fora da Igreja Católica. Um incidente muito comentado aconteceu em junho de 2005 em Tanacu, na Romênia. Um padre e algumas freiras em um convento ortodoxo romeno acreditavam que Maricia Irina Cornici, uma freira de 23 anos de idade, que vivia no convento, estava possuída. Então, realizaram um ritual de exorcismo: eles a amarraram em uma cruz, colocaram uma toalha em sua boca e a deixaram sozinha, sem comida e sem água. A intenção era fazer com que o demônio deixasse seu corpo. Cornici morreu depois de três dias. As autoridades acreditavam que a jovem tinha esquizofrenia. Para mais detalhes sobre o caso, acesse UOL Notícias: freira morre crucificada em ritual de exorcismo na Romênia.

Os mais famosos casos de exorcismo



Anneliese Michel

Foi uma jovem alemã criada em uma família católica. Ela acreditava estar possuída pelo demônio. Os primeiros sinais vieram aos 16, quando começou a apresentar ataques epiléticos, depois vieram as alucinações.Sua família tentou procurar médicos, mas eles não encontraram nada que pudesse ser a causa de seus problemas. Vendo-se sem opções eles procuraram um bispo local que realizou um exorcismo segundo os rituais católicos. As sessões não foram bem sucedidas e ela começou a recusar alimentos e água. Meses depois Anneliese morreu enquanto dormia. O diagnóstico foi desnutrição e desidratação. Sua história serviu de inspiração para o filme "O exorcismo de Emily Rose".

George Lutkins 

Era um costureiro inglês que ficou conhecido por ter sido possuído por demônios. Tudo começou quando seu vizinho pediu ao pastor local para ajudar George, pois ele cantava músicas estranhas durante a noite e às vezes utilizando vozes que não soavam como a sua.O próprio costureiro confirmou que estava possuído por sete demônios e que precisaria de sete exorcismos para ser curado. Vários exorcistas tentaram ajudá-lo, mas somente após um ritual em 1778 aparentemente George estava livre de seu tormento, passando a viver uma vida tranquila.


Robbie Mannheim

Começou a ter problemas quando ainda era um garoto e foi passar uma noite na casa de sua avó. Ele ouviu sons estranhos e uma gravura de Jesus pregada na parede começou a tremer. Onze dias depois sua tia, a quem ele era muito apegado, morreu deixando o garoto desolado. Em seu desespero ele tentou contatar sua tia no mundo dos mortos, o que lhe causou vários problemas e deu início ao pretenso caso de possessão. Inicialmente ele foi examinado por médicos e psiquiatras, mas nenhum resultado concreto foi obtido. Foi então que sua família procurou o reverendo Luther Miles Schluze, que passou uma noite com Robbie para examinar seu caso. Durante aquela noite o reverendo percebeu que vários objetos se moveram pelo quarto enquanto Robbie dormia. Ele foi levado ao reverendo William S. Bowdernm, que passou dois meses tratando o garoto em uma terapia que incluiu 30 rituais de exorcismo, o que o devolveu à normalidade. O caso de Robbie ficou muito famoso e inspirou o romance "O Exorcista", de William Peter Blatty, que foi adaptado para o cinema e se tornou um clássico do terror.

Michael Taylor

Era um membro respeitável de uma irmandade cristã. Seu comportamento começou a mudar até um dia ele agredir verbalmente a líder do grupo. Michael admitiu que havia sentido o mal dentro dele. Seu comportamento foi piorando cada vez mais até que um dia os vigários locais tentaram curá-lo através de métodos cristãos de exorcismo. Depois de horas tentando ajudá-lo sem sucesso eles desistiram e mandaram Michael para casa. Ao chegar a sua residência ele matou sua esposa e seu cachorro. Quando foi encontrado ele estava completamente nú e coberto de sangue. 


Clara Germana

Cele fez um pacto com Satã em 1906. A jovem sul-africana contou sobre o acordo a um padre durante uma confissão. Quando estava “possuída” ela falava línguas que não conhecia e gritava de uma forma que assustava todos os que presenciaram. Sua voz não parecia de nenhuma pessoa ou animal conhecido. Pessoas que estavam presentes afirmaram ter visto a moça levitar vertical e horizontalmente. O ritual de exorcismo realizado por dois padres não foi nada tranquilo. Ela estava muito violenta, tanto que tomou a Bíblia da mão de um deles e tentou fazê-lo engolir o livro. O ritual foi considerado um sucesso e o demônio foi supostamente expulso do corpo de Clara.

 

O filme “O Exorcista”


 

O filme O Exorcista foi inspirado em um caso real, não envolvendo uma garotinha de 12 anos, mas um menino de 13, conhecido por R. Seu comportamento estranho começou em 1949, após a morte de uma tia. Ele começou a ouvir arranhões na parede e objetos voavam pela casa. Cadeiras e camas se moviam quando o garoto estava nelas. A família desesperada pede ajuda a igreja católica. A primeira tentativa de exorcismo acabou em desastre. Ele rasgou o padre do ombro ao pulso com uma mola da cama. Foram necessários mais de 100 pontos o local. Palavras começaram a surgir em seu corpo e uma delas, Louis, fez a família mudar de volta para Saint Louis, acreditando haver algo lá. Entre em cena um estudioso jesuíta que na época tinha 27 anos, Walter Halloran.Ele estudou na Universidade de Saint Louis e tratou de R. Narrando o caso, ele diz que "o garoto cuspia com precisão e acertava seu corpo a 1,5 metros... Certa vez ví uma marca em seu ombro e parecia a caricatura do demônio. Eu podia ver suas mãos e não era ele que fazia... Ouvimos a voz e ela falou que não ia embora até que uma certa palavra fosse dita.". Na páscoa, uma outra voz tomou o garoto e disse a palavra Dominus. Neste momento ouviu-se um tiro e o garoto ficou curado.


O filme “O Exorcismo de Emily Rose”


 Muitos devem ter se impressionado (ou não) com o filme "O Exorcismo de Emily Rose" (2005) do diretor Scott Derrickson. Um filme de terror baseado numa história real capaz de causar calafrios. A história é bastante antiga e era contada e recontada, discutida e temida por jovens cristãos de anos atrás. Muitos JUC's já tremeram na base ao ouví-la.

Emily Rose foi em realidade uma jovem alemã chamada Anneliese Michel que desde seu nascimento em 21 de setembro de 1952, desfrutava de uma vida normal sendo educada religiosamente desde muito pequena. No entanto, sem advertência sua vida mudou de uma hora para outra quando em um dia do ano de 1968 começou a tremer e se deu conta de que não tinha controle sobre seu próprio corpo. Não conseguiu chamar a seus pais, Josef e Anna, nem a nenhuma de suas três irmãs. Um neurologista da Clínica Psiquiátrica de Wurzburg, Alemanha, a diagnosticou com o "grande mau" da epilepsia. Devido aos fortes ataques epilépticos e à depressão seguinte, Anneliese foi internada para tratamento no hospital.
Pouco depois de começar os ataques, Anneliese começou a ver imagens diabólicas durante suas orações diárias. Era outono de 1970, e enquanto os jovens desfrutavam das liberdades da época, Anneliese estava atormentada com a idéia de estar possuída, parecia não ter outra explicação às imagens que apareciam enquanto rezava. Como se não fosse o bastante, vozes começaram a perseguir a moça dizendo-lhe que ela ia "arder no fogo do inferno". Ela mencionou estes "demônios" aos médicos só uma vez, explicando que eles haviam começado a lhe dar estas ordens. Alguns médicos consideraram loucura, outros zombaram em silêncio e o restante se mostraram incapazes de ajudá-la; Anneliese perdeu as esperanças de que a medicina pudesse ajudá-la.Começaram as buscas por ajuda de religiosos. No verão de 1973 seus pais visitaram diferentes pastores e padres solicitando um exorcismo. Seus pedidos foram recusados e recomendaram que Anneliese, agora com 20 anos, devia seguir com seu tratamento médico. A explicação dada é que o processo pelo qual a igreja comprovava uma possessão (Infestatio) era muito restrito, e até que todos os aspectos não estivesses explicados, o bispo não podia aprovar um exorcismo. Era requerido que alguns fatos já tivessem acontecidos como, por exemplo, aversão por objetos religiosos, falar em idiomas que a pessoa não conhecesse e poderes sobrenaturais.
Em 1974, após ter supervisionado Anneliese por algum tempo, o pastor Ernst Alt solicitou permissão para realizar um exorcismo ao Bispo de Wurzburg. A solicitação foi recusada e seguida de uma recomendação de que Anneliese devia receber um estilo de vida mais religioso com o propósito de que encontrasse a paz. Os ataques não diminuíram, senão que sua conduta se tornou bem mais errática.Na casa de seus pais em Klingenberg, insultava, batia e mordia os outros membros da família. Recusava-se a comer porque os demônios proibiam-na. Dormia no piso gelado, comia aranhas, moscas e carvão, e tinha começado a beber sua própria urina. A vizinhança toda escutava Anneliese gritar por horas enquanto quebrava os crucifixos que encontrava pela frente, destruía pinturas com a imagem de Jesus. Até que iniciou a cometer atos de auto mutilação e a andar nua pela casa fazendo suas necessidades independente do lugar onde estivesse.
Depois de verificar "in loco" de que realmente algo muito estranho acontecia com a moça em setembro de 1975, o Bispo de Wurzburg, Josef Stangl, ordenou ao Padre Arnold Renz e ao Pastor Ernst Alt a praticar um "grande exorcismo" baseado no "Rituale Romanum" com Anneliese. Determinou que ela devia ser salva de vários demônios, incluindo Lúcifer, Judas Iscariotes, Nero, Caim, Hitler e Fleischmann, um curandeiro do Século XVI, e algumas outras almas atormentadas que se manifestavam através dela.
Entre setembro de 1975 até julho de 1976 praticaram uma ou duas sessões de exorcismo por semana, os ataques de Anneliese eram tão fortes às vezes que precisava ser segurada por três homens e inclusive tiveram que amarrá-la algumas vezes. Durante este tempo, Anneliese regressou a uma vida, até certo ponto, normal. Fez os exames finais da Academia de Pedagogia de Wurzburg e ia egularmente à igreja.
Os ataques, no entanto, não pararam. De fato, paralisava-lhe o corpo e caía inconsciente pouco depois. O exorcismo continuou por muitos meses mais, sempre com as mesmas orações e esconjuros. Por várias semanas Anneliese recusou-se a comer e seus joelhos sangravam pelas 600 flexões que fazia obsessivamente durante a cada sessão. Foram feitas mais de 40 gravações durante o processo com o propósito de preservar os detalhes.
O último dia do rito do exorcismo foi em 30 de junho de 1976, quando Anneliese já sofria de pneumonia, havia emagrecido bastante e estava com uma febre muito alta. Exausta e fisicamente incapacitada para fazer as flexões por sua própria conta, seus pais aparavam e ajudavam-na com os movimentos. A última coisa que Anneliese disse a seus exorcistas foi:

- "... por favor, roguem pelo meu perdão" e virando-se e recostando a cabeça no ombro da mãe disse:

- "Mamãe estou com medo". Anna Michel fotografou a morte de sua filha no dia seguinte, era primeiro de julho de 1976 exatamente ao meio dia. O Pastor Ernst Alt informou às autoridades em Aschaffenburg e o Promotor geral começou uma investigação imediatamente.
Pouco tempo depois que tomaram conhecimento destes fatais eventos o filme "The Exorcist" de William Friedkin estreou nos cinemas da Alemanha, levando uma onda de histeria paranormal que infectou todo o país. Psiquiatras em toda Europa reportaram um incremento de idéias obsessivas em seus pacientes.

Os promotores do caso levaram mais de dois anos para conseguir a acusação dos exorcistas de homicídio por negligência. O "Caso Klingenberg" devia ser decidido sobre duas perguntas: O que causou a morte de Anneliese Michel e quem era o responsável?

De acordo à evidência forense, ela morreu de fome e os especialistas demandaram que se os acusados a tivessem forçado a comer uma semana antes de sua morte, Anneliese poderia ter sido salva. Uma irmã declarou que Anneliese não queria ir a uma instituição mental porque poderiam sedá-la e obrigá-la a comer. Os exorcistas trataram de provar a presença de demônios mostrando as gravações dos estranhos diálogos, quando demônios discutiam qual deles iria deixar o corpo de Anneliese primeiro. Um deles, que chamava a si mesmo de Hitler, falava com sotaque carregado (Hitler era austríaco). O fato é que nenhum dos presentes durante o exorcismo teve a mínima dúvida da autentica presença destes demônios.
Os psiquiatras, que foram chamados a testemunhar, falaram da "Doctriniarire Induction". Eles disseram que os padres tinham dado a Anneliese o conteúdo de suas condutas psicóticas aceitando sua conduta como uma forma de possessão demoníaca. Também declararam que o desenvolvimento sexual instável de Anneliese junto a sua diagnosticada epilepsia tinha influenciado a psicose.
O veredicto foi considerado, por muitos, menos rigoroso do que se esperava, os pais de Anneliese assim como os exorcistas foram considerados culpados de assassinato por negligência e de omissão de primeiros socorros. Foram sentenciados a seis meses de prisão que nunca cumpriram com liberdade condicional impetrada. O veredicto incluía a opinião da corte de que os acusados ao invés de propiciar o tratamento médico que a garota precisava, decidiram por práticas supersticiosas que agravou a já crítica condição de Anneliese.
Uma comissão da Conferência Episcopal Alemã depois declarou que Anneliese Michel realmente não estava possuída, no entanto, isto não impediu aos crentes a continuar com a luta de Anneliese, já que muitos criam em sua possessão e que o corpo dela não encontrou paz inclusive após a morte. Seu cadáver foi exumado onze anos e meio depois de ser enterrada, só para confirmar que havia se descomposto e se estava sob condições normais. Na atualidade sua sepultura permanece como um lugar de peregrinação para rezar "o terço" por aqueles que acham que Anneliese Michel lutou valentemente contra o demônio.
Depois de uma missa dominical, ao lado do padre Bob Meets, Anna, a mãe de Anneliese, fez recentemente uma de suas poucas e breves declarações a imprensa:

- "Não me arrependo do que fizemos, era o que tínhamos para combater aquele mal".
Apesar de ser um bom filme, "O Exorcismo de Emily Rose" desvia-se da verdadeira história de Anneliese. O filme alemão Réquiem, de Hans-Christian Schmid, centra-se no verdadeiro calvário da sofrida moça.



 Vídeo (fotos e audio) do exorcismo de Anneliese Michel



Ritual Romano - Exorcismo Completo em Latim:

EXORCISMVS

Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis incursio infernalis adversarii, omnis legio, omnis congregatio et secta diabolica, in nomine et virtute Domini Nostri Jesu + Christi, eradicare et effugare a Dei Ecclesia, ab animabus ad imaginem Dei conditis ac pretioso divini Agni sanguine redemptis + . Non ultra audeas, serpens callidissime, decipere humanum genus, Dei Ecclesiam persequi, ac Dei electos excutere et cribrare sicut triticum + . Imperat tibi Deus altissimus + , cui in magna tua superbia te similem haberi adhuc præsumis; qui omnes homines vult salvos fieri et ad agnitionem veritaris venire. Imperat tibi Deus Pater + ; imperat tibi Deus Filius + ; imperat tibi Deus Spiritus Sanctus + . Imperat tibi majestas Christi, æternum Dei Verbum, caro factum + , qui pro salute generis nostri tua invidia perditi, humiliavit semetipsum facfus hobediens usque ad mortem; qui Ecclesiam suam ædificavit supra firmam petram, et portas inferi adversus eam nunquam esse prævalituras edixit, cum ea ipse permansurus omnibus diebus usque ad consummationem sæculi. Imperat tibi sacramentum Crucis + , omniumque christianæ fidei Mysteriorum virtus +. Imperat tibi excelsa Dei Genitrix Virgo Maria + , quæ superbissimum caput tuum a primo instanti immaculatæ suæ conceptionis in sua humilitate contrivit. Imperat tibi fides sanctorum Apostolorum Petri et Pauli, et ceterorum Apostolorum + . Imperat tibi Martyrum sanguis, ac pia Sanctorum et Sanctarum omnium intercessio +.
Ergo, draco maledicte et omnis legio diabolica, adjuramus te per Deum + vivum, per Deum + verum, per Deum + sanctum, per Deum qui sic dilexit mundum, ut Filium suum unigenitum daret, ut omnes qui credit in eum non pereat, sed habeat vitam æternam: cessa decipere humanas creaturas, eisque æternæ perditionìs venenum propinare: desine Ecclesiæ nocere, et ejus libertati laqueos injicere. Vade, satana, inventor et magister omnis fallaciæ, hostis humanæ salutis. Da locum Christo, in quo nihil invenisti de operibus tuis; da locum Ecclesiæ uni, sanctæ, catholicæ, et apostolicæ, quam Christus ipse acquisivit sanguine suo. Humiliare sub potenti manu Dei; contremisce et effuge, invocato a nobis sancto et terribili nomine Jesu, quem inferi tremunt, cui Virtutes cælorum et Potestates et Dominationes subjectæ sunt; quem Cherubim et Seraphim indefessis vocibus laudant, dicentes: Sanctus, Sanctus, Sanctus Dominus Deus Sabaoth.
V. Domine, exaudi orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.
[si fuerit saltem diaconus subjungat V. Dominus vobiscum.
R. Et cum spiritu tuo.]
Oremus.
Deus coeli, Deus terræ, Deus Angelorum, Deus Archangelorum, Deus Patriarcharum, Deus Prophetarum, Deus Apostolorum, Deus Martyrum, Deus Confessorum, Deus Virginum, Deus qui potestatem habes donare vitam post mortem, requiem post laborem; quia non est Deus præter te, nec esse potest nisi tu creator omnium visibilium et invisibilium, cujus regni non erit finis: humiIiter majestati gloriæ tuæ supplicamus, ut ab omni infernalium spirituum potestate, laqueo, deceptione et nequitia nos potenter liberare, et incolumes custodire digneris. Per Christum Dominum nostrum. Amen.
Ab insidiis diaboli, libera nos, Domine.
Ut Ecclesiam tuam secura tibi facias libertate servire, te rogamus, audi nos.
Ut inimicos sanctæ Ecclesiæ humiliare digneris, te rogamus audi nos.
Et aspergatur locus aqua benedicta.


Fonte net:







Fonte livros:
- Bíblia sagrada
- Guia das Bruxas sobre fantasmas e o Sobrenatural - Gerina Dunwich

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